A interacção da pessoa com o ambiente é caracterizada pela reciprocidade. A pessoa em desenvolvimento molda-se, muda e recria o meio no qual se encontra. O ambiente também exerce influência no desenvolvimento da pessoa, sendo este um processo de mútua interacção (Bronfenbrenner, 1979/1996). Urie Bronfenbrenner concebe o ambiente ecológico como uma série de estruturas encaixadas, em que cada peça contém ou está contida noutra.
Os contextos de desenvolvimento: micro, meso, exo e macrossistemas
- O microssistema
Segundo a definição apresentada por Bronfenbrenner (1979/1996), microssistema “é um padrão de actividades, papéis e relações interpessoais experienciados pela pessoa em desenvolvimento num dado ambiente com características físicas e materiais específicas” (p. 18). Trata-se, portanto, de um ambiente ou local onde o indivíduo pode estabelecer interacções face a face, como, por exemplo: a família, a escola, a creche, a universidade, a instituição, a depender da situação de vida de cada um.
Os elementos que influenciam o desenvolvimento psicológico, são as actividades, os papéis e as relações interpessoais.
- O Mesossistema
Este sistema tem a ver com as inter-relações entre os contextos em que o indivíduo participa activamente, tais como a inter-relação da família com a escola e a Igreja. As forças do mesossistema são originadas nas inter-relações de dois ou mais ambientes em que a pessoa em desenvolvimento participa activamente.
Para efeitos de desenvolvimento humano, pressupõe-se que os ambientes microssistêmicos que compõem o mesossistema devem comunicar-se, ou seja, toda a informação ou mensagem deve ser intencionalmente transmitida de um ambiente para outro. Essas comunicações interambientais podem ocorrer de forma unilateral ou bilateral, dependendo das características e condições dos ambientes em que os comunicantes se encontram.
- O exossistema
Diz respeito a um ou mais ambientes que não envolvem a pessoa em desenvolvimento como um participante activo. No exossistema, ocorrem eventos que afectam, ou por eles são afectados, os fatos que acontecem no ambiente que contém a pessoa em desenvolvimento, como, por exemplo, o local de trabalho dos pais ou a sala de aula de um irmão mais velho. Esses efeitos, geralmente, seguem uma sequência causal que primeiramente conecta os efeitos externos dos ambientes aos processos microssistêmicos da pessoa em desenvolvimento.
- O macrossistema
Se refere à consistência observada dentro de uma dada cultura ou subcultura na forma e conteúdo de seus micro-, meso- e exossistemas constituintes assim como a qualquer sistema de crença ou ideologia subjacente a estas consistências. o macrossistema difere do exossistema pelo fato de não se referir a contextos específicos, mas a protótipos gerais que existem nas diferentes culturas e afectam ou determinam o complexo de estruturas e actividades ocorrentes nos níveis mais concretos. Têm a ver com valores, crenças, maneiras de ser ou fazer, hábitos, estilos e formas de viver características de determinadas sociedades ou culturas, veiculados ao nível dos subsistemas.
O macrossistema pode ainda ser definido tanto como o esquema, organização ou mapa real e ideal dos ambientes ecológicos ou “mundo” das pessoas em desenvolvimento.
Actualização do modelo ecológico em bioecológico
Bronfenbrenner critica a si mesmo e sua teoria ecológica quanto ao excesso de ênfase nos contextos de desenvolvimento em detrimento das pessoas em desenvolvimento.
A partir destas reflexões, os autores propõem o modelo bioecológico, no qual, entre outras considerações teóricas, reconfiguram as propriedades da pessoa e os processos de desenvolvimento. Como apontado no modelo ecológico, o desenvolvimento é um processo que se dá na interacção da pessoa com o ambiente em que ela vive, bem como pelas relações entre os contextos mais amplos. O modelo bioecológico apresenta a proposta de estudar com mais detalhes as características biopsicológicas da pessoa em desenvolvimento concebidas em constante movimento processual.
Para que o desenvolvimento ocorra, é necessário que a pessoa esteja inserida em uma actividade; a dita interacção nesta actividade deve acontecer efectiva, regular e reciprocamente, através de períodos prolongados de tempo; a actividade deve ainda ser progressivamente mais complexa; e os objectos e símbolos presentes no ambiente imediato devem estimular a atenção, a exploração, a manipulação e a imaginação da pessoa em desenvolvimento.
No que tange às características bioecológicas das pessoas, segundo Bronfenbrenner & Morris (1998) o desenvolvimento humano é moldado por três tipos de elementos:
- Disposições: movimentam e sustentam os processos proximais;
- Recursos: habilidades, experiências, conhecimentos requeridos para o funcionamento efectivo dos processos proximais nos diferentes estágios de desenvolvimento;
- Demanda: convidam ou desencorajam reacções do ambiente social, que favorecem ou não a operação dos processos proximais.
Referências bibliográficas
- BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
- BRONFENBRENNER, U. & MORRIS, P. A. The ecology of developmental process. In: LERNER, R. M. (Org.). Handbook of child psychology: Theoretical models of human development. 5. ed., 1998, p. 993-1028.
- BRONFENBRENNER, U. The ecology of human development. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1979.
Bom, de facto esta e uma abordagem muito interessante, pois este permite nos saber de que maneira o desenvolvimento humano e como o ambiente influencia no desenvolvimento do ser humano segundo urie. Parabens pela abordagem doctor
VLW OBG